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Day End Records
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Passageiro Do Vento

by Reginaldo Bessa

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    - Rare private press Samba Soul
    - Originally released in 1978
    - First ever vinyl reissue and digital release
    - Limited to 500 copies, comes with obi strip

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1.
Alô, mulher Sou eu, passageiro do vento No mesmo assento Viajando no meu vai e vem Pois é, sou eu Que agora te ama à distância Por força das circunstâncias E pra não me arriscar a sofrer Pois é, bem sei Não tenho nenhum argumento Que no momento Te possa fazer entender Que já não sou Aquele que esteve a teu lado Velando teu sono cansado de sonhar por mim Mulher Posso até parecer indeciso Mas é preciso Despertar as manhãs do amanhã Não chore Que chorar por amor hoje em dia Pode até parecer covardia Aos olhos de quem nunca amou
2.
As luzes da cidade O ronco do automóvel A pressa de viver A incompreensão A gente caminhando pelos descaminhos Com tanto desamor e tanta solidão Abraço minha nega e minha Viola É faço um samba triste sem explicação Só cantar Eu canto para não chorar Eu olho pro meu filho E fico matutando Por quê botei no mundo Sem lhe perguntar Eu chego na janela E sinto um arrepio No dia de amanhã a vida o que será Acendo meu cigarro e olho pra fumaça Existe tanta coisa que nem sei falar Só cantar Eu canto para não chorar Eu saio procurando uma palavra amiga Encontro mais perguntas do que solução Entendo que a tristeza é uma coisa antiga Que sou mais um sozinho nessa multidão E solto o pensamento como um passarinho Atrás de uma alegria, de uma inspiração Só cantar Eu canto para não chorar Às vezes me convenço que não vale nada Ter dentro da cabeça tanta confusão Procuro um modo novo de viver a vida Eu páro de sonhar e ponho os pés no chão Mas no fim de semana eu esqueço tudo Com samba , futebol, cerveja e violão Só cantar Eu canto para não chorar
3.
O índio amigo perdeu terras, perdeu mar Perdeu sua inocência e seus rios de pescar O negro alegre do seu lar se separou perdeu sua liberdade Na senzala então cantou O branco trouxe sua fé, sua ambição tudo que ele acreditava fosse a civilização Muita coisa se perdeu Muito grito o mar levou Mas o sangue não se esquece Muita dor se misturou Curimã, curiê Tudo em volta ainda sangra De três raças tristes Foi que nasceu meu samba
4.
Dizem que quem faz o mal Aqui mesmo paga É lei universal Guarda teu orgulho Porque afinal isso um dia acaba Você ri na minha cara Sopra teu cigarro muito debochada E depois me põe de lado Como se separa a fruta estragada Olha que essa vida gira Volta e meia a roda vira E muita gente tomba Quando você nem atenta O seu mundo se arrebenta E nem fica a sombra Lembra aquela velha história Havia uma cigarra e uma formiga E quem cantava glória e fazia farra Acabou mendiga Pensa na lei do retorno O teu verão tão morno Vai virar inverno Teu coração de gelo Quem vai derrete-lo É o teu próprio inferno
5.
Sexto Andar 04:06
Da janela do edifício Com a certeza dos anúncios De bons cremes dentífricos Como um código e um prenúncio Teu sorriso ri pra mim Sob a luz que acende e apaga Nesse riso a gás neon Há um apelo que eu presumo Seja a chave do consumo de tanto beijo e Baton Lanço uma ponte do meu sexto andar Teu riso vem Pé ante pé E o povo vem Aplaudir o prodígio que é Teu sorriso ser meu Mas da travessia em meio Com teu riso te diluis E te espalhas pelos ares No mais lindo dos luares No mais azul dos azuis
6.
Coco dendê, coco sinhá Esse coco tá duro Tá bom de ralar Vovó me ensinava histórias e cantigas da escravidão Rezava padre nosso e ave Maria Falava de castigos e assombração Segurava o terço Com lágrima nos olhos e com devoção Dizia meu menino, essa vida é dura Precisa ter firmeza no teu coração Coco dendê, coco sinhá Esse coco tá duro Tá bom de ralar Quando o pai voltava A gente já esperava Junto do portão Chegava tão cansado Que já nem sorria Tirava em silêncio o velho macacão E num de repente Chamava para um canto Eu e meu irmão Estuda meu menino Que essa vida é dura Mostrava quantos calos tinha em sua mão Coco dendê coco sinhá Esse coco tá duro Tá bom de ralar Mamãe não falava Calada como sempre Junto do fogão Sorria de mansinho Quando a gente vinha Pedindo tanta coisa Tanta explicação Ela só dizia Criança não tem nada Que entender do mal Pegava no pão duro Pra fazer farinha Mandava todo mundo Brincar no quintal Coco dendê coco sinhá Esse coco tá duro Tá bom de ralar Quando a gente cresce E pensa nesses dias Que tão longe vão Aprende que das coisas duras dessa vida O que machuca mais é a desilusão O pior de tudo Pior do que a lembrança de dormir no chão É ver tantos sorrisos escondendo pedras Sentir tantas mentiras apertando a mão
7.
O Tempo 03:53
O tempo não é, minha amiga Aquilo que você pensou As festas, as fotos antigas Às coisas que você guardou Os trastes, os móveis, as tranças Os vinhos, os velhos cristais As doces canções de criança Lembranças, lembranças demais O tempo não pára no Porto Não apita na curva Não espera ninguém Você vem deitar no meu ombro Querendo de novo ficar Eu olho e até me assombro Como pode esse tempo passar O tempo é areia que escapa Até entre os dedos do amor Depois é o vazio, é o nada É areia que o vento levou O tempo não pára no porto Não apita na curva Não espera ninguém O medo correndo nas veias Deixou tanta vida pra trás E a gente ficou de mãos cheias Com coisas que não valem mais E fica um gosto de usado Daquilo que não se provou A gente dormiu acordado E o tempo depressa passou O tempo não pára no porto Não apita na curva Não espera ninguém
8.
Quando a solidão me bate à porta Nessas horas mortas Nessas noites de verão Nos ruídos surdos da cidade Sinto som de flauta, cavaquinho e violão É então que chega uma saudade De um tempo que em verdade Nem siquer vivi Tempo de antenores de voz rouca Pondo a alma pela boca Dando o couro por um tamborim Põe fogo no couro desse samba Que a lua já descamba Pra dar passagem ao metrô Toca o bonde, somos condutores De pastoras e pastores Eu, você e o Claudionor Samba choro, samba pau e corda Nos bordões da velha guarda Rolam rosas, rolam rimas pelo chão Eu me vou nas brumas da saudade Encontrar minha verdade Pelo braço de um amigo violão
9.
One, two, Three A contagem progressiva Four, Five, Six No piano soa um velho blues Seven. Eight, Nine É mais um soco na vida Ten No punho um som No peito um sonho É mais um negro que se põe A caminhar Por uma estrada de agressão Que já não sei onde vai dar Nem se vai dar Não sei se chega ao Alabama, não Joannesburgo ou Salvador Quando uma estrada é de agressão Resta seguir a indicação É mão fechada, negra mão No canto encanto da contagem progressiva Que se opõe ao que se vê Um, dois, três, quatro, dez segundos Para o mundo ver que eu sou tão você Aperta a minha luva mão irmão Ergo teu braço para o ar Quando a contagem é progressiva Tira a luva, vive a vida Não esquece teu valor
10.
Yayá cadê cadê cadê yayá Yayá cadê cadê cadê yayá Na boca do samba e da noite Ela apareceu e sorriu Depois foi descendo a ladeira É mexendo as cadeiras, sumiu Yayá cadê cadê cadê yayá Yayá cadê cadê cadê yayá Na barra do mar e da saia Sambou e desapareceu Deixando no ar seu perfume Deixando um ciúme tão meu Yayá cadê cadê cadê yayá Yayá cadê cadê cadê yayá Na palma das mãos E nas palmas dos velhos coqueiros de lá Na linha da vida é do vento Um só pensamento, yayá Yayá cadê cadê cadê yayá Yayá cadê cadê cadê yayá

about

Born in 1937 in Rio de Janeiro among the sounds of Choro, Samba, and later Bossa Nova, Reginaldo Bessa showed a natural ability for music early in life. He began playing guitar at age 12 and soon was playing in bands at the dances in his neighborhood, becoming a local favorite. He attributes much of his early musical influence to bossa nova legend João Gilberto.

In the early 1960s Bessa moved to Buenos Aires and recorded his first album, Amor en Bossa Nova (1963) which became one of the first Bossa Nova records to be recorded outside of Brazil. The album went on to become one of his most popular works.

Bessa later returned to Brazil where he continued to record for Fermata, Continental and Codil records and in 1978 Bessa was invited to record for Mac du Son, a newly formed vanity label based in the Free Trade Zone of Manaus. What resulted was Passageiro Do Vento, a sophisticated blend of soulful songwriting, laidback bossa nova melodies and funky samba grooves. Bessa attributes much of the overall sound to the close bond and understanding he and the other musicians formed after years of playing together. Mac du Son shuttered after releasing Bessa’s second album and Passageiro Do Vento was lost to time until resurfacing in recent years among record collectors and DJs. Songs like “Três Raças Triste”and “Cadê Yayá” have become deep cut favorites and manage to find their way into DJ sets and mixes worldwide.

credits

released March 15, 2022

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Reginaldo Bessa Rio De Janeiro, Brazil

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